Virginia Woolf | As Escritoras (T01E01)

by - junho 21, 2023

 


     O primeiro episódio do quadro "As escritoras" é sobre a vida e a obra de Virginia Woolf , uma escritora icônica do modernismo inglês, que se empenhou em encontrar um estilo próprio de escrita, causando uma revolução na literatura. Sua trajetória de vida foi intelectualmente intensa e, infelizmente, permeada por perdas e questões de saúde mental. Virginia Woolf era extremamente dedicada ao trabalho, e tinha uma rotina de escrita diária bastante rigorosa, o que resultou em uma obra vasta, com críticas literárias, resenhas, romances, contos, biografias e ensaios.

A vida de Virginia Woolf:

    Adeline Virginia Stephen, seu nome completo de solteira, nasceu em 25 de janeiro de 1882, no número 22 da Hyde Park Gate, em Kensington, Londres, onde viveu até seus 22 anos. A casa ainda existe e recebe visitantes do mundo todo. Virginia cresceu em um ambiente familiar culto e liberal, mas também muito complexo emocionalmente.

Hyde Park Gate, 22, Kensigton, Londres

    Seu pai era sir Leslie Stephen, um renomado crítico literário, jornalista e historiador, que também teve alguma fama como alpinista. Leslie chegou a entrevistar Abraham Lincoln, e sua família era composta por escritores e advogados. Muitos tios e, inclusive, o pai de Leslie, foram engajados na luta contra a escravidão. Sua mãe, Julia Duckworth, vinha de uma família de importantes editores e artistas com certa projeção. Julia nasceu em Calcutá, na Índia, e foi uma modelo “Raphaelita”. Fraternidade Raphaelita, foi um grupo artístico fundado na Inglaterra em 1848, dedicado principalmente à pintura, e Julia servia de modelo para alguns representantes deste movimento. Segundo biógrafos de Virginia, a relação entre seus pais era bastante instável, o que sobrecarregava a mãe, que ficava encarregada de todas as tarefas relativas ao bom funcionamento da casa e da família.

Leslie Stephen                             Julia Stephen

    Os irmãos de Virginia, Vanessa, Thoby e Adrian, a chamavam carinhosamente de "the goat", ou a cabra, e todos foram educados em casa, pelos pais e por tutores. O ambiente da casa de infância e adolescência de Virginia era frequentado por artistas, literatos e políticos, e, além do contato com intelectuais, as crianças também tinham acesso a extensa biblioteca do pai. Além dos três irmãos, Virginia tinha três meios-irmãos, George, Stella e Gerald, do primeiro casamento de sua mãe, e uma meia-irmã, Laura, do primeiro casamento de seu pai. Os meios-irmãos homens eram mais velhos e já passavem muito tempo fora de casa, na universidade; Laura já havia se casado, e Stella era a única que permanecia junto a família.

    Virginia e sua irmã, Vanessa, de quem era bastante próxima, não tiveram uma educação formal. Depois da primeira formação em casa, se instruíram através dos livros, pois as universidades não eram permitidas para mulheres. Assim, sua educação consistia em aulas de dança, música, desenho e outras habilidades que faziam parte do universo feminino da época. Apesar da lacuna na educação formal das meninas, o ambiente familiar era muito intelectualizado, com discussões sobre filosofia e literatura que incluíam todos os membros da família.

Vanessa Bell, irmã de Virginia Woolf

    Em 1895, Julia, a mãe de Virginia, vem a falecer em decorrência de uma condição física que alguns biógrafos dizem ser febre reumática e outros apontam como exaustão. Como Julia era responsável por toda a organização doméstica e também era quem lidava com a dinâmica da casa em relação ao trabalho do marido, superar sua perda foi muito difícil para a família. Abalada pela perda da mãe, Virginia apresenta sua primeira nervosa, aos 13 anos de idade. Posteriormente ela seria diagnosticada com doença maníaco-depressiva, que hoje se conhece por transtorno afetivo bipolar.

    De acordo com seus biógrafos mais confiáveis, entre eles seu sobrinho Quentin Bell e a professora de literatura Herminone Lee, segundo os diários de Virginia foi nesta época que seu meio-irmão, George, começou a ter relações físicas impróprias tanto com Virginia, quanto com Vanessa. Sabe-se que seu outro irmão, Gerald, também cometia abusos de caráter sexual desde que Virginia tinha seis anos de idade. A natureza exata desses abusos não fica clara nos diários que a escritora manteve durante toda a vida, mas os abusos afetaram profundamente sua saúde mental, sendo apontados como gatilhos para seus problemas mentais.

    Após a morte da mãe, Stella, a meia-irmã mais velha, assume o lugar de governanta da casa, acolhendo todas as tarefas que antes eram de Julia. Algum tempo depois, Stella acaba se casando, o que causou um mal estar com o pai, que não permitia sua ausência da casa e das funções que desempenhava. Infelizmente, Stella morreu apenas três meses após se casar. A perda da irmã, esteio emocional e organizadora da dinâmica famíliar, é mais um grande abalo para Virginia, que na época tinha 15 anos.

Julia e Stella

    Em 1904, quando Virginia tinha 22 anos, Leslie também vem a falecer. O pai era uma figura muito próxima de Virginia, que a incentivava a ler e com quem ela tinha grandes trocas intelectuais. Sua perda causou o segundo colapso nervoso da escritora, que cometeu a primeira tentativa de suícidio, se jogando da janela do segundo andar da casa de uma amiga. Felizmente, Virginia não teve ferimentos graves, mas muitas outras tentativas de tirar a prórpia vida se seguiriam ao longo de sua vida.

    Quando Virginia se recuperou emocionalmente, os irmãos se mudam de Kensigton para o bairro de Bloomsbury, devido a dificuldades econômicas que a família enfrentou devido à morte do pai. Virginia passou a viver com os irmãos Thoby, Adrian e Vanessa onde aconteceriam os encontros do que viria a ser o famoso Grupo de Bloomsbury, formado pelos Stephen e por intelectuais próximos à família, que debatiam várias questões filosóficas, sociais e artísticas. 

A casa onde se reunia o Grupo de Bloomsbury

    Nesse ponto, entre 1905 e 1912, a família já não sentiam a necessidade de corresponder ao socialmente esperado na Era Vitoriana, vivendo com mais liberdade. Para Virginia e Vanessa, esse seria o despertar de uma experiência transformadora, que as levariam a questionar ainda mais os paéis sociais impostos para homens e mulheres. É nesta época que Virginia começa a escrever resenhas literárias para jornais, como o The Guardian e The Times, em uma parceria que perduraria por toda sua vida, com contribuições para o Times Literary Supplement. Virginia também passa a se dedicar a sua escrita em busca do seu estilo literário próprio, e dava aulas de literatura em uma escola.

Alguns integrantes do Grupo de Bloomsbury:
Lady Ottoline Morrell, Maria Huxley (esposa de Aldous Huxley), Lytton Strachey, Duncan Grant e Vanessa Bell.
 
    Dois anos após a morte do pai, Thoby, irmão de Virginia, contrai febre tifóide e vem a falecer, deixando Virginia devastada, já que era bastante próxima ao irmão, assim como de Vanessa. O único irmão que Virginia era mais afastada, era Adrian, com quem ela passou a viver. Em 1907, Vanessa se casa e fixa residência na propriedade em Bloomsbury. Adrian e Virginia se mudam para um lugar bem menor, onde organizavam encontros e jantares culturais, embora as reuniões do Grupo de Bloomsbury continuassem na casa da irmã. Virginia já tinha 25 anos e por influência da família, começou a procurar por um casamento. Até então, Virginia não se interessava por homens, todos os seus interesses românticos tinham sido por mulheres.

    Vanessa havia proposto que os membros do Grupo de Bloomsbury tivessem uma política sexual libertária entre si, pois ela estava interessada em outro membro do grupo, o pintor impressionista e crítico de arte Roger Fry. Nesse contexto, Virginia e seu cunhado, Clive Bell, chegaram a ter um affair, mas aparentemente nunca tiveram algo mais íntimo ou sério. Virginia chega a ficar noiva de seu grande amigo Lytton Strachey, que também era homossexual, porém, uma semana depois do acordo os dois decidem romper o compromisso.

Lytton e Virginia

    Apesar de outros inúmeros pretendentes, em 1907 Virginia ainda não havia encontrado um parceiro e estava terminando seu primeiro romance "A viagem", um momento muito tenso emocionalmente, onde ela teve um novo colapso mental e quando acontece sua primeira internação em uma instituição de tratamento de saúde mental. Ela se recusava a se alimentar, tinha fortes dores de cabeça, severas crises nervosas e de insônia. Apesar de receber alta médica, ela só se recuperou em 1915, quando "A viagem" foi publicado e recebeu críticas muito positivas.

    Três anos depois da primeira internação, em 1910 (antes da publicação de "A viagem"), Virginia é internada pela segunda vez, novamente apresentando repulsa por comida, agitação nervosa, enxaquecas e insônia. Depois disso, ela passou a viver com Adrian, com quem tinha uma relação distante, e outros dois amigos, também intelectuais, em uma casa maior. Em 1912, Leonard Woolf se mudou para a casa dos irmãos Stephen, após voltar do Ceilão. Com um mês de convicência, ele pediu Virginia em casamento, pois estava apaixonado por ela. Virginia deixou claro que não sentia atração física por Leonard, mas que se ele quisesse se casar mesmo sabendo disso, ela aceitaria. E assim o casamento aconteceu e ela passou a se chamar Virginia Woolf. Seu primeiro romance, "A viagem", foi publicado em 1915 e a saúde mental de Virginia pareceu se reestabelecer.

Leonard e Virginia

    A partir de 1914, no início da Primeira Guerra Mundial, o Grupo de Bloomsbury passou a se engajar na causa socialista, que ganhava adeptos entre a intelectualidade londrina. Leonard era mais engajado no tema político, enquanto Virginia se debruçou sobre o feminismo. É neste contexto que Virginia e Leonard criam a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T. S. Elliot.

    Em 1922, Virginia conhece Vita Sackville-West, com quem viveu um romance homossexual, com o conhecimento dos respectivos maridos. Vita ficou conhecida posteriormente por mater relacionamentos poliamorosos com outras mulheres. Sobre a vida privada de Virginia, segundo seu biógrafo e sobrinho Quentin Bell, Virginia e Leonard tinham um relacionamento muito íntimo e apaixonado, o que leva a crer que Virginia seria bissexual. Porém, sua orientação sexual não é abertamente tratada em seus diários, o que se sabe é que ela se interessava por mulheres desde a adolescência, e se casou com Leonard, com quem teve um relacionamento bastante carinhoso.

Vita Sackville-West

    Nos anos seguintes, o sucesso profissional de Virginia se consolidou. Entre 1928 e 1931, ela publicou quatro romances muito bem recebidos pela crítica, e quatro ensaios que ficaram bastante famosos, além de suas críticas e resenhas literárias para o Times e do crescimento da editora que mantinha com o marido. Virginia se tornava uma das maiores escritoras inglesas, com um estilo inovador, muito elogiado. Porém, na vida pessoal, ela lidava com a frustração de, perto dos 40 anos, não ter tido filhos. Sua saúde mental se deteriova e ela teve diversas crises depressivas, agravadas intensamente ao longo do tempo. Em 1939, com as tensões políticas se acirrando e com o inicio da Segunda Guerra Mundial em setembro, escalando o anti-semistismo na Europa, Virginia e Leonard, que era judeu, chegaram a se comprometer de cometerem suicídio juntos, caso a Inglaterra fosse invadida por Hitler.

    Londres nunca seria invadida, mas com os bombardeios que atacaram a cidade, a casa do casal Woolf em Bloomsbury foi destruída, forçando a família a se mudar para o interior. A saúde mental de Virginia durante os primeiros anos da Segunda Guerra, com o avanço nazista no continente, era bastante frágil, e além das crises nervosas, ela começou a ouvir vozes. Segundo seu diário, ela estava obcecada com a morte e escrevia constantemente sobre o tema. Virginia não aguentava mais as crises nervosas, as enxaquecas, as insônias e o sofrimento causados pela sua frágil condição mental. Abalada emocionalmente e frustrada com suas questões pessoais, em 28 de março de 1941, aos 59 anos, Virginia encheu seus bolsos com pedras e se jogou no rio Ouse, deixando duas cartas: uma para Leonard, outra para a irmã, Vanessa. Seu corpo ficou a deriva por três semanas, e quando foi encontrado Leonard optou pela cremação, espalhando as cinzas da esposa pelo jardim da casa do casal. 

Última casa onde viveu Virginia Woolf.

Contexto histórico em que viveu Virginia Woolf:


   Quando analisamos a vida e a obra de um artista que viveu em outra época, é importante localizarmos sua trajetória naquele momento histórico específico. Virginia viveu em um momento histórico bastante peculiar, onde a sociedade européia experimentava mudanças drásticas em suas tradições, bem como os horrores da guerra, que mostrariam que toda a tecnologia e o avanço científico não significavam apenas a evolução da civilização, mas também o aperfeiçoamento da barbárie.

    Virgina nasceu e cresceu nos anos conhecidos como Belle Epoque, período localizado entre 1871 e 1914, no começo da Primeira Guerra Mundial. Era uma época de muitas mudanças na vida cotidiana das pessoas, devido ao que conhecemos como Segunda Revolução Industrial, que trouxe inúmeras inovações tecnológicas (como o telefone, o telegrafo, o automovel, a locomotiva a vapor etc.). Esse período é marcado por uma urbanização intensa,  bem como pelo hábito da vida noturna, que passa a ser mais democrática devido à chegada da iluminação pública elétrica nas grandes cidades. Nas artes, temos o modernismo, o impressionismo, e uma busca pelo rompimento com a chamada "tradição", apesar dessa tradição se manter viva juntos a todas as novidades que causavam escandalização na sociedade ainda bastante conservadora. 

    O fim do século XIX, também é conhecido na Inglaterra como o fim da Era Vitoriana, período traduzido por imensa desigualdade social e com muitas pessoas vivendo em péssimas consições nas periferias de Londres. É nesse contexto, quando Virginia era criança e no começo de sua adolescência, que a criminalidade aumenta muito na capital inglesa, escancarando essa desigualdade social com figuras como Jack, o estripador.

    É também nesse período que as grandes potências passam a investir em armamentos pesados, e os países experimentam um avanço do nacionalismo, gerando tensões em toda a Europa. Tais tensões vão culminar na Primeira Guerra Mundial, que foi extremamente sangrenta e trouxe muitos traumas para a população civil dos países envolvidos. A guerra também mudou a vida cotidiana das pessoas. As mulheres passaram a trabalhar fora, ocupando os lugares dos homens que foram para a guerra, e o feminismo passa a se fortalecer com movimentos como o das sufragistas, que exigiam o direito das mulheres ao voto. Ao fim da guerra, a Europa começa seu processo de estabilização, tentando se reerguer economicamente do confronto. Na vida das pessoas, os traumas causados pela Guerra trazem um ambiente geral de depressão. Os homens não tem mais empregos, pois as mulheres agora ocupam seus lugares, ganhando muito menos, assim como as crianças. Muitos veteranos se tornam alcoolistas e apresentam quadros de estresse pós-traumático e mutilações físicas.
    
    O desemprego e a crise econômica, criam um ambiente de tensões sociais intensas drante o período entreguerras. O avanço de regimes totalitários vai culminar no início da Segunda Guerra Mundial. Londres sofre muito nos primeiros anos com bombardeios aéreos, momento em que a Alemanha nazista avança pelo continente quase sem resistência. É nesse periodo, nesse ambiente político e social, que Virginia tira a própria vida.

Obras de Virginia Woolf: 

    Considerada uma das escritoras mais importantes do século XX, a técnica narrativa de Virginia é baseada no monólogo interior e no estilo poético, redefinindo o romance moderno. Usando o método do fluxo de consciência, Virginia sempre buscou um estilo diferente do que se encontrava comumente,  trabalhando uma narrativa  guiada pelo processo mental. Pensamentos, visões, desejos, e até odores e o sono, eram perspectivas narrativas inovadoras, criadas em uma prosa de livre associação que Virginia usava recorrentemente.

    Seu primeiro livro, "A viagem", escrito em 1907, mas publicado apenas em 1915, pode ser entendido como uma espécie de resumo de sua vida. Escrito 26 anos antes de seu falecimento, nele Virginia fala sobre preocupações pessoais e sociais, reflete sobre suas paixões e insônias, e escreve um final premonitório, com uma carta de despedida muito semelhante à que ela usaria mais de trinta anos depois, endereçada ao marido. "A viagem" tem um estilo literário baseado na experimentação, como se Virginia buscasse sua identidade estilística própria.

    Em "Noite e Dia", uma novela romântica realista publicada em 1919, Virginia aborda as mudanças sociais vividas naqueles anos na Inglaterra, especialmente as que estavam relacionadas com o papel da mulher e com os conflitos entre modernidade e tradição. Seu segundo romance foi bem recebido, mas é considerado seu livro mais simples. Foi por conta de uma critica à "Noite e Dia" que a amizade entre Virginia e Katherine Mansfield teria sido abalada. Mansfield criticou muitos aspectos do livro, embora também tenha elogiado outros.

Virginia e Flush, seu cachorro, sobre quem ela escreveu uma biografia.

    "O quarto de Jacob" foi publicado em 1922 pela Hogarth Press, primeiro grande romance da editora, Virginia começa a experimentar seu estilo próprio, onde os personagens adquirem protagonismo através de monólogos interiores, com argumentos inconscientes baseados em metéforas. "O quarto de Jacob" foi muito elogiado pela crítica, consolidando Woolf como uma autora revolucionária.

    Em "Mrs. Dolloway", de 1925, sua obra mais conhecida, o tempo da história aborda 12 horas na vida da protagonista Clarissa Dolloway, onde o leitor é levado completamente para dentro da cabeça de Clarissa, demosntrando o amadurecimento da técnica narrativa de fluxo de pensamento. "Mrs. Dolloway" é a consagração de Virginia como um sucesso de público e crítica.
    
    "Um teto todo seu", publicado em 1929, é um ensaio feminista baseado em conferências que Virginia frequentou em universidades, onde examina o papel feminino na literatura e no mundo do trabalho. Ela retorna aos temas feministas em "Três guinéus", de 1938, onde também dirige seu olhar para o fascismo e a guerra.

    As lembranças mais intensas da infância de Virginia foram na Cornualha, onde a família passava férias de verão até ela completar 12 anos, quando sua mãe ainda era viva. A vista para a praia de Porthminster e para o farol de Godrevy, serviram de paisagens para ambientar seu romance "Ao farol". Publicado em 1927, o livro aborda uma discussão familiar sobre ir ou não ao farol. Especialistas na obra de Woolf, entendem que "Ao farol" serviu para Virginia elaborar questões familiares entre o pai e mãe, já que fala das lutas de poder entre o homem e a mulher dentro do núcleo familiar.

    "Orlando", de 1928, representou um novo avanço em seu estilo e lhe rendeu muitos elogios da crítica pela inovação do trabalho. O modernismo buscava retratar o sentimento de experiências históricas e culturais, e Woolf traz esse modelo literário para o seu romance histórico. O livro é caracterizado por subverter as noções de identidade e de historicidade ao ter uma protagonista imortal, que muda de gênero. A história foi inspirada em Vita, sua amante e amiga de toda vida. 

    "As ondas", 1931, considerado o livro mais experimental de Woolf, também é seu livro mais difícil livro do ponto de vista criativo. O romance remete à consicência individual e aos meios em que múltiplas consciências podem se misturar, como uma onda.

    Em "Os anos", seu último romance publicado em vida, de 1937, a autora fala sobre a história de uma família ao longo de uma geração. Apesar de abranger cinquenta anos, o livro não é um épico, como se pode imaginar, mas se concentra na intimidade dos personagens, inovando no estilo narrativo do gênero.

    O livro "Entre os atos", lançado postumamente em 1941, foi o último romance que Virginia terminou, mas não pode revisar. É sua narrativa mais amarga, abordando a instabilidade e a dificuldade de se assimilar o que se vive, concluindo sobre a inutilidade da existência.

    Virginia escreveu romances, ensaios, contos, peças de teatro, biografias e traduções. Sua obra é bastante vasta. Ela dava palestras regulares em escolas e universidades, e em meados dos anos 30 já era considerada uma intelectual respeitada, além de uma escritora inovadora e influente, bem como uma feminista pioneira.

    Com nove romances publicados e mais de 30 livros de outros gêneros, Virginia Woolf é uma das escritoras mais icônicas da literatura mundial, a autora que revolucionou a narrativa no século XX e quem mais defendeu os direitos das mulheres em seus textos.


Bibliografia e fontes utilizadas na pesquisa:

Sites:

Verbete sobre Virgínia na Wikipedia: https://x.gd/CfrL3

Matéria sobre Virgínia no El País: https://x.gd/unLrb

Cronologia da vida de Virginia Woolf: https://x.gd/hQlcY

Belle Époque: https://x.gd/nyJ3N

Literatura Inglesa século XIX e XX: https://x.gd/4G2o8

Vídeo documentário (em inglês): https://x.gd/UNQh6


Livros:

Virgínia Woolf: uma biografia, de Quentin Bell: https://x.gd/HQQ9p

Virgínia Woolf & Vita Sackville-West: cartas de amor: https://x.gd/Nz2Nk

Virginia: um inventário íntimo, de Claudia Abreu: https://x.gd/q55f2

Virginia Woolf, de Hermione Lee (edição em inglês): https://x.gd/8hu9A








You May Also Like

0 comentários